Na investigação deste tópico, torna-se necessário situar o cinema e a antropologia num conjunto mais aberto das transformações sociais, econômicas, políticas e culturais.
Constatamos que o cinema e a antropologia de terreno tem, desde o seu nascimento, uma participação comum num mesmo processo de observação cientifica.
O cinema (e a antropologia) tornou-se também parte da violenta estruturação da percepção espacial, social e cultural e da interação humana promovidas pelos modos de produção e pelo intercambio industrial capitalista, e pela estruturação do espaço urbano.
Se a viagem entre os continentes permitia alcançar a visão efêmera do outro,a fotografia e depois a câmera cinematográfica tornaram possível armazenar essas visões.
As sociedades e as culturas permaneceram como que divididas em predominantemente observadas e predominante observadoras,orientais e ocidentais, sul e norte,pobres e ricas,rurais e urbanas,femininas e masculinas.
Os limites do trabalho na antropologia visual são sobretudo dependentes de três fatores: a dependência econômica,os constrangimentos técnicos que só nos anos 1960 permitiram o registro de som síncrono e de planos de longa duração ,a dificuldade de trabalho com os filmes sem o recurso a pesados equipamentos e a consequente separação da escrita como corrente dominante da produção científica
em antropologia.
Com a passagem da era da reprodutibilidade técnica (Benjamim,1936)para a era da transformação digital(Jenkins,2003),emergem novas problemáticas.
O digital, porem tornou-se “metáfora cultural” de crise e transição de passagem da
“representação” para a “simultaneidade”,telepresença”,”interatividade”,”tele-ação”.
Em relação ao cinema,o audiovisual não é muito mais que uma nova técnica de pós produção,de apresentação,de armazenamento,de distribuição.
A despeito desta questão,a produção torna-se cada vez menos dependente dos países
do centro,do poder econômico ou das estruturas profissionais e dos interesses corporativos.
Também se diluem as fronteiras entre os media.
Na convergência desses fatores,as tecnologias digitais e os computadores poderão ser para o antropólogo e os cientistas sociais,muito mais úteis que meros processadores de textos,de imagens e sons e de codificação de dados recolhidos no terreno:um poderoso meio de (autoria)apresentação de resultados de investigação – como filme
em DVD,a hipermídia,o lugar de convergência com teorias e paradigmas de investigação,capazes de desenvolver uma apresentação mutissensorial de relacionar dados com a interpretação.
PRÁTICAS ANTIGAS E NOVAS PERSPECTIVAS DE INVESTIGAÇÃO.
Em relação ao cinema, o audiovisual não é muito mais que uma nova técnica de pós-graduação, de apresentação, de armazenamento e de distribuição. No entanto o cinema digital em que a animação ou o componente gráfico é prioritário associa-se mais a pintura e a escrita como aplicação manual de talento e competência.
A produção de cinema torna-se cada vez menos dependente dos países do centro, do poder econômico ou das estruturas profissionais e acabam tornando fracas as categorias como “amadores e profissionais”.
As tecnologias digitais tornam-se acessíveis a um numero cada vez maior de utilizadores, e enquanto se melhora a sua qualidade técnica e se diluem as fronteiras entre “amadores e profissionais”, tornando as suscetíveis de armazenar e organizar e comunicar se a uma grande quantidade de informações. Se por um lado, esta disfarçada a ameaça de vulgarizar a forma inerente ao pensamento e a racionalidade, por outro lado torna-se urgente encarar o desafio que as tecnologias digitais oferecem a investigação.
Na convergência desses fatores, as tecnologias digitais e os computadores poderão ser para o antropólogo e cientistas sociais muito mais importantes do que meros processadores de textos.
E essas mesmas tecnologias digitais, alem de potencializarem facilitam as praticas tradicionais das pesquisas e antropologia em sua componente escrita, audiovisual e na organização e no desenvolvimento do processo virtual museológica
As novas tecnologias digitais e, sobretudo a hipermídia constituem uma forma, porventura mais eficaz, de integração da antropologia visual com a antropologia escrita de imagens, sons e audiovisuais com a escrita. Essas novas práticas reconfiguram-se como um volta a “caminhos muitos antigos”, ao prosseguir esta resposta a critica da retórica etnográfica convencional, isto é com a memória e conseqüentemente com o tempo presente e a historia.
